Apesar dos grandes avanços nas pesquisas e da consolidação de práticas de manejo conservacionista, a erosão do solo continua sendo um dos principais fatores responsáveis pela degradação das terras, perdas na produtividade e insegurança alimentar e das populações humanas.
Nas últimas décadas, houve um aumento do número de estudos relacionados à erosão do solo, inclusive trazendo novas tecnologias para a quantificação e monitoramento. Contudo, minimizar a atuação desse processo de degradação depende do entendimento da complexa interação entre os vários fatores condicionantes da erosão.
Entre esses fatores, destacam-se os aspectos hidrológicos, principalmente duração e intensidade das precipitações (erosividade da chuva); as feições do relevo; propriedades intrínsecas ao solo (erodibilidade), como textura, estrutura, permeabilidade, teor de matéria orgânica; além dos aspectos relacionados à interferência humana.
A gestão inadequada dos solos pelos governos e municípios e o uso e manejo das terras pelos produtores rurais e população urbana em geral têm como principal consequência a ausência da adoção de práticas conservacionistas e a permanência da situação de degradação das terras, rurais e urbanas.
A região do Médio Vale do Paraíba, no estado do Rio de Janeiro, apresenta condição de degradação intensa das terras, resultado do histórico de ocupação e do uso atual. Marcada pela intensa supressão da vegetação nativa para atividade cafeeira (cultivada morro abaixo e sem adoção de práticas conservacionistas) e a criação de gado em pasto extensivo, a região é um triste e didático exemplo da degradação das terras pela erosão hídrica, acelerada pela intervenção humana.
A geomorfologia de colinas entremeadas por várzeas – ambiente típico do domínio de “Mar de Morros” – caracteriza-se, também, por feições de relevo acidentado e elevados declives que, associado a intensas precipitações, especialmente no verão, conferem alta vulnerabilidade dos solos à erosão.
A combinação de todas essas características contribuiu para a degradação de propriedades físicas e químicas dos solos, além da compactação da sua camada superficial pelo pisoteio animal, agravando a erosão e resultando na formação de sulcos e voçorocas (Figura 1).
Os custos envolvidos na recomposição da vegetação de Floresta Atlântica ou de implantação de outros usos são elevados, não só pela intensa degradação, mas também pela condição de solos com baixa fertilidade natural e elevada acidez.
Assim, na falta de adoção de práticas e manejo conservacionistas que possam recuperar esses solos, as terras se tornam improdutivas e são abandonadas. Os impactos negativos se refletem, localmente, na diminuição da produção agropecuária e, regionalmente, no assoreamento de mananciais hídricos por sedimentação, afetando todas as cidades que dependem do abastecimento de água da bacia do Rio Paraíba do Sul.
Fonte: Disponível originalmente AQUI!
Por Lúcia Helena Cunha dos Anjos | Carlos Roberto Pinheiro Junior | Marcos Gervasio Pereira